Motoristas e passageiros fecham valores diretamente, com preços mais altos e sem as garantias oferecidas pelas plataformas
A prática de fechar corridas fora dos aplicativos de transporte tem se tornado cada vez mais comum durante shows, festivais, rodeios, formaturas e grandes eventos esportivos. O acordo informal entre motoristas e passageiros, geralmente com valores fixos e mais altos, vai contra as regras das plataformas e representa riscos à segurança.
Motorista de aplicativo compartilha sua taxa de aceitação baixa em grupo no Facebook — Foto: Reprodução/Facebook
O cenário tem sido observado com frequência em grandes centros, onde a alta demanda provoca longas esperas, sucessivos cancelamentos e tarifas elevadas dentro dos próprios aplicativos. Diante disso, muitos passageiros acabam aceitando a corrida “por fora” para conseguir deixar o local do evento com mais rapidez.
Em um caso registrado após um show no estádio do Morumbi, em São Paulo, uma passageira tentou solicitar uma corrida por aplicativo no valor de R$ 150, mas não foi atendida. Após diversas tentativas sem sucesso, fechou a viagem diretamente com um motorista por R$ 210, aumento de cerca de 40% em relação ao preço inicial.
O que dizem os aplicativos
As plataformas de transporte reforçam que toda corrida deve ser realizada exclusivamente pelo aplicativo. Segundo as empresas, viagens feitas fora do sistema:
❌ Não têm rastreamento em tempo real
❌ Não contam com seguro da plataforma
❌ Não garantem que o motorista esteja realmente ativo e regular
❌ Violam os termos de uso, podendo resultar em banimento da conta do motorista
Além disso, os aplicativos destacam que os motoristas passam por validação periódica de identidade, verificação da CNH, análise de antecedentes criminais e vistoria do veículo, garantias que deixam de existir na corrida feita informalmente.
As empresas também afirmam que comportamentos fora das regras não são tolerados e podem resultar desde advertência até suspensão definitiva.
O que dizem os motoristas
Motoristas afirmam que a corrida fora do aplicativo é reflexo da insatisfação com a remuneração oferecida pelas plataformas. Eles relatam que as taxas cobradas, somadas aos custos com combustível, manutenção, trânsito intenso e longos períodos de espera em shows e eventos, reduzem significativamente o lucro.
Outro ponto levantado é a ociosidade forçada, causada por bloqueios no trânsito e falta de áreas adequadas para embarque e desembarque. Para a categoria, a criação de bolsões organizados e pontos exclusivos de retirada de passageiros poderia reduzir conflitos, cancelamentos e o tempo de espera.
Aplicativos com negociação direta ganham espaço
Diante desse cenário, surgem como alternativa plataformas que permitem a negociação direta do valor da corrida entre passageiro e motorista, mantendo ainda os sistemas de segurança ativos. Nessas plataformas, o passageiro sugere um valor e o motorista pode aceitar ou fazer contraproposta.
Segundo essas empresas, as corridas podem sair até 20% mais baratas em algumas situações, especialmente fora dos horários de pico.
Alerta ao passageiro
Especialistas em mobilidade urbana alertam que, apesar da praticidade, fechar corridas fora do aplicativo expõe o passageiro a riscos, já que ele perde o acesso ao suporte da plataforma, registro da viagem, botão de emergência e garantias jurídicas.
A recomendação é que, mesmo em momentos de alta demanda, o usuário priorize sempre as corridas dentro dos aplicativos oficiais.